MULHER
Hermann Teixeira Ribeiro
 
 

Uma parte de mim navegou pela escuridão, dentre tantos outros que também o faziam e num instante a ruptura do véu se fez e metade de mim te penetrou e de ti eu nasci. A vida foi soprada em minhas narinas, cresci envolto em teu amor ! O tempo que me fez homem, cuspiu-me para fora de ti e à luz da humanidade eu ergui meus olhos para contemplar o céu de estrelas que em mim já existia quando ouvindo de tua boca eu me regozijava com as mais ternas canções, canções que me apaziguavam o coração.

Cresci e de ti recebi teus medos, teus anseios e desejos, e de ti herdei o sorriso e a circunspeção, de ti herdei a humanidade.

Eu me calei tantas vezes perante nossas diferenças e te odiei. Hoje compreendo o quanto te amei.

Cresci e me aventurei e metade de mim gerou rebentos.

Ainda te causo sofrimento, mas saiba que sou teu escravo, tenho-te, às vezes, como meu tormento mas tenho-te também como meu lar e meu alívio quando tu dizes: "meu fio".

Ó mulher, bebo em cunilingus o mel de teu âmago. E desejo-te.

E em teus olhos, pequenos olhos de odalisca, que danças como em cópulas ardentes, vejo minha vida como para ser vivida hoje, somente hoje.

Eu me coloco aos teus pés esperando colher o pão que brota do trigal de teus cabelos. Eu me junto a ti em beijos sôfregos ou apaixonados que percorrem o mundo, que mil voltas dão em torno deste planeta e junto a ti descubro tantas novas emoções.

A ti dedico minha vida, em óperas, em odes à alegria, em poesias, poesias de um poeta menor, poesias que cantam teu esplendor e beleza em versos molhados pelo caldo da paixão.

Abraça-me forte. Abraça teu filho, teu pai, teu homem.

Dia-a-dia vejo minha existência funesta ganhar a eternidade, eternidade que tu me dás, que me faz sentir teu amor, teu ardor.

Mulher, és mulher, és mulher.

Mulher, és diva, és inspiração, és o âmago do universo, és tudo.

Mulher, eu te amo!

Eu te amo.

 
 

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