NADA
Bruno Freitas
 
 

Queria fazer uma confissão. Não tenho idéia do que escrever nesta crônica e por isso vou ficar enchendo lingüiça até ter um volume razoável de toques, linhas, ou quem sabe caracteres. Por isso mesmo se você quiser parar de ler aqui mesmo não vai perder nada. Além é claro de presenciar a arte de versar sobre nada, absolutamente nada.

Escrever sobre nada não é tão difícil assim, basta ter dedos rápidos e escrever o que der na telha. Ao contrário do que dizem certos manuais de redação, ao escrever sobre nada é sempre necessário usar expressões chulas, gírias e chavões. Tudo isso serve para a melhor compreensão do nada contido no texto. Se é que pude ser claro o suficiente.

Basta escrever com a cabeça cheia de besteira. Também é bom escrever chupando bala, assistindo tevê ou conversando ao telefone. Tudo isso influencia num bom texto sobre o nada. Se você tiver ainda diversos problemas na mente é mais fácil ainda. Você pode ficar enrolando e escrevendo, usando bastante o gerúndio pra dar idéia de que nada do que interessa realmente está sendo dito, ou escrito.

Pra escrever sobre nada é sempre bom explicar tudo tim-tim por tim-tim e ainda entrar em detalhes. Pois, os detalhes são bons para aumentar o texto. Seja bem caudaloso e não se preocupe com frases semelhantes, desde que não sejam iguais. Frases semelhantes valem, iguais não, porque tornam-se repetições desnecessárias. Repetições desnecessárias tornam o texto repetitivo. Portanto frases iguais não são legais ao escrever sobre nada.

Se você ainda está lendo esta crônica até este ponto, fique sabendo que eu já enchi o saco de versar sobre nada, e a partir de agora quero passar para a prática e fazer nada, absolutamente nada. E depois não diga que te induzi a ler esta crônica que não diz nada de nada nem sobre nada. Já te disse pra parar de ler...

 
 

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