OLHOS ÍNTIMOS
Francine Ramos
 
 

Por entre as roupas, sapatos jogados e toalhas molhadas cobrindo outras partes tão mais desejadas entre as paredes, a pele e o medo. O medo esquecido quando o olhar perdido encontrou a palidez das mãos frias que deslizavam a tentar seduzir as possíveis vontades escondidas nas toalhas quase caídas ao chão. Quase que ouve um estalo entre o ar. O ar que por ali transitava nas peles e nos sorrisos contidos que revelavam as vontades abaixo das toalhas molhadas. Molhadas como a janela e suas gotas de chuva que pareciam pousar lentamente sobre o vidro que discreto refletiam as vontades contidas entre os corpos.

A mente não mais identificando formas ou cores, apenas sentidos espalhados no grande espaço que, pelos olhos tão pequenos, diziam para não temer por outros olhos, mãos e peles. E copos, e vinho, e vermelho, e quente. Vinho e champanhe quente como o que acontecia por entre as mãos que não mais queriam as toalhas. Vozes entre champanhe escorrendo nas mãos que ao encostar-se à boca suspiravam como a lua que brilhava lá fora.

 
 

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