SUTURA
Suzana Garcia
 
 

Troca de e-mails sobre os filhos. Nas entrelinhas, mensagens sutis.

Alô, quero falar com minha filha! Limito-me a um "Você está bem? Já estou passando o telefone, sem nem mesmo ouvir a resposta.

Meu caráter não permite que eu ouça. Mas, meu coração sempre bate mais forte. A discrição de minha filha nem sequer me permite perguntar absolutamente nada, a não ser um "tá tudo bem? E ela sempre murmura um "tá".

Cicatrizes latejam. Dores antigas são lembradas. Pode alguém amar alguém tanto tempo, sem retorno algum? E novamente o telefone, os mesmo sussurros e a mesma resposta, "tá".

Dias e mais dias.

Meses.

Anos.

*****

Troca de e-mails sobre os filhos. Nas entrelinhas, mensagens sutis.

Alô,quero falar com minha filha! Limito-me a um "você está bem?" Já estou passando o telefone, sem nem mesmo ouvir a resposta.

Dias e mais dias.

Meses.

Anos.

Cicatrizes latejam. Dores antigas são lembradas.

*****

Afinal ele vem, jantar com os filhos, claro!

Minha presença, inútil. Sempre. Nada acontece, nem um olhar!

Cicatrizes latejam. Dores antigas são lembradas.

Sangra meu coração.

É sempre assim.

Não há sutura.

Ferida aberta. Mais uma vez!

 
 

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