DOS SONHOS DA NOITE
Marco Britto
 
 

"Dois amantes felizes não têm fim nem morte,
nascem e morrem tanta vez enquanto vivem,
são eternos como é a natureza".
- Pablo Neruda -

Pensei em falar-te dos meus sonhos.
Mas os considerei vagos e insossos.
Imaginei olhar nos teus olhos
e confessar meus devaneios.
Mas me vi com palavras tolas
e insípidas.

Então recolhi meus sonhos,
minhas palavras
e minhas fantasias.
E escrevi na areia da praia
versos que se desmanchavam
com a dança do mar...

Vagando em sonhos,
em noite perdida no tempo,
eu estive em ti.

Montado nas asas do vento
meu desejo cavalgou distâncias
indo até onde tu dormias.
Com olhos ávidos
meus fantasmas passearam
a desenterrar baús
de lembranças e retalhos de sorrisos.

E por entre as frestas de mim,
assisti teu ressonar, e percorri
teu corpo estendido na cama.
Como se teu corpo fosse
a terra virgem que se semeia,
e como se meus sonhos pudessem ser
sementes enterradas no fundo
de solo tão fértil e gentil...

 
 

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