LUA NOVA, LUNA NUA
Rosi Luna
 
 

O calendário lunar avança em luas - nova, crescente, cheia e minguante e me faz acreditar na mudança de estação. Estado de lunação - o nirvana celestial. Resto de esperança de olhar o céu e construir um caminho de estrelas para iluminá-lo. Ele aparece como as marés altas, batendo com força. Posso sentir o movimento ondulátório em minha direção, sempre avançando. Onda de pensamento, ou está fazendo onda, já nem sei. Anoitece, vinho branco e vem a lua, um convite a andar nua. Lua nova, Luna nua. Minha mão na tua.

Perdida na cidade, as luas mudam junto com a idade, não sei em que época, em que vida passada ou futura devo encontrá-lo? Era do canto gregoriano, parece profano, a música me invade, as batidas marcam o ritmo do meu coração, vinho merlot de emoção. Era medieval, talvez o ache, quem sabe me fazendo a corte. Dama da noite, saia rodada, siga a estrada, vaso de rosa, vinho rosé. Vassalo, lacaio, nem que seja por um raio, me parta meu amor. Lua nova, Luna nua. Minha boca na tua.

Com a idade dei pra sonhar em amar o inesperado, ver aquele amor parado se movimentar. Era glacial, sinto frio está tudo claro, ele é um homem imaginário, tão estacionado, sedentário. Saia daí, anda na minha direção. Que era é essa? Que não consigo achá-lo. Era do pecado da carne, piedade mas eu o desejo tanto. Vamos pegue minha cintura, não faça linha dura. Tá vendo bem na sua frente, me enfrente. Sou apenas uma mulher que te sente. Era do encontro, siga seu instinto, me sirva um vinho tinto. Lua nova, Luna nua. Meu copo, meu corpo no teu.

 
 

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