AS AVENTURAS DE FLORIANO:
POESIA SANGRENTA
Bruno Pinheiro de Lacerda
 
 

_ "Cala a boca e luta!
Defenda-te da minha espada!
Quero ver tua conduta!"
Foi o que disse João,
O guerreiro responsável
Pela eliminação,
Ao mocinho desta narração.

Floriano, então, falou:
_ "Vá, garotinha, para o monte de areia,
Porque esta luta vai ser feia,
Vamos levantar poeira!"
Jasmim, então, afastou-se.

João disse:
_ "E então? Está pronto?"
_ "Venha que estou esperando!"
Floriano foi falando,
E a luta foi começando.

A menina, escondida, tudo via;
A espada, o escudo atingia;
A luta, irracional, prosseguia:
Era espadas nos escudos,
Escudos nas espadas,
Espada na espada
E uma garota assustada...
Como farei poesia
Diante de tamanha baixaria?
Não sei como vai ficar,
Mas, vou tentar:

Rima rica, rima pobre,
Que nenhuma pedra sobre!
Rima pobre, rima rica,
A luta nos dignifica?
Rima pobre, rima pobre,
Derramar sangue torna nobre?
Rima rica, rima rica,
E a paz? Onde é que fica?

Rima pobre,
Rima rica,
Quero o amor que se descobre!
Rima rica,
Rima pobre,
Quero aquilo que santifica!

E, nessa monotonia,
O conflito prosseguia,
Até que, de repente,
Floriano foi surpreendido:
Seu membro superior direito
Foi atingido!
O mocinho ficou perdido
E o vilão se aproveitou:
Um duro golpe no pescoço
Do herói João acertou!
Floriano ao solo foi,
Fraco, frio e ferido.

O maldito, então, falou:
_ "Te prepara, ó, menina maldita,
Eu já abri uma ferida,
Nesse guerreiro tão débil,
E agora...
Acabarei com tua vida!"

Porém, Floriano, fez muito esforço
E então se levantou;
A seu oponente,
O mocinho assim falou:
_ "Não vá cantando vitória,
Porque nossa luta não acabou!"

Com muito ódio e muita fúria,
Com a espada na mão,
Floriano acertou,
O escudo do vilão,
E o escudo se quebrou;
Todavia, a desatenção,
Do herói foi grande; e então?
João se aproveitou
E, um duro golpe no coração,
Do mocinho acertou;
Floriano foi ao chão
E sangrou... Sangrou...

João disse:
_ "Eu conheço a tua fama!
Tu és o guerreiro-flor,
O qual dizem lutar com amor;
Contudo, quando teu sangue se derrama,
Do que és capaz?
Eu não tenho piedade,
Vou mandar tua bondade,
Para aquela divindade,
Que ao mundo quis te impor!
Ah, como eu odeio flor!
Prepara-te, companheiro!
Este será o teu
Último encontro com um guerreiro!" ...

 
 

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