PENSAMENTOS APÓS O ÚLTIMO ENCONTRO
Rafael Diniz Marques Gontijo
 
 

Talvez nada comece mesmo com uma boba troca de risadas. Com perguntas sobre de onde veio, pra onde vai. Talvez exista um Acre, mas não exista nada em comum entre o poema e a política. Porque poema não resolve o problema, a política sim.

Talvez não se assegure onde há dúvida até da sexualidade do outro. Existe isso? Talvez o concreto se estranhe com a euforia. Sou eufórico. Apaixono, desapaixono como quem se diverte em sentimentos. Ouço música e interpreto conforme meu amor. Escrevo devido correções do Word. Não sou gay, porém adoro meus amigos que são.

Vivo como quem espera. Talvez ainda use drogas. Perco-me em uma rotina disfarçada em novidades. Como seria o Acre?

Pretendo não me prender por muito tempo. Talvez o Acre seja uma opção. Conte-me se lá vende cigarro, filtro branco, não gosto de cigarros fortes.

Gosto do inesperado. Espero o inesperado. Como quem espera uma ligação, uma mensagem. Uma buzina. Às vezes não espero nada. Não sou de fazer nada demais. Nunca espero alguém novo. Nem sei se gosto muito de pessoas novas. Bebo. Como quem se lembra dos bobos sorrisos trocados no samba. Não. Nem sei porque liguei no outro dia. Talvez porque esperava mesmo um alguém que cantasse Luiz Melodia. Talvez porque sabia que não sentiria uma enorme preguiça como já aconteceu inúmeras vezes. Às vezes nem sigo as mudanças do Word. Deixo como está, erado mesmo, quer dizer, errado.

Sempre escrevi. Para pássaros, para os Mamonas Assassinas, acredita? Para o mundo, mãe, pessoas queridas, governos, agora para Laura. Talvez eu seja assim mesmo. Me divirto exagerando em sentimentos que as vezes são bem mais simples que os descritos. Como dizem: um eu... lírico. Sou lírico, como qualquer bêbado numa prosa desconcertante com o garçom.

Já me disseram isso, que eu escrevo porque consigo fazer de momentos insignificantes, um escrito.

Agora escrevo sobre Laura. Como quem se lembra de poucos momentos: risadas bobas, banco imobiliário, Jardineiro fiel, Tiradentes, japonês. Quinze reais gastos em mensagens, uma novidade para mim. Agora escrevo sobre Laura como já escrevi sobre Júlia, Claudia ou Cibele. Mas no momento escrevo sobre Laura. Como um passatempo. Como alguém que espera algo meio que inesperado. E escreve como quem fala para alguém que talvez nem exista. Falo com o papel, sem pressa, sem sono. No caso o papel do Computador, que nem gosto tanto, mas perdi minha caneta.

Ouço Chico: "To me guardando pra quando o carnaval chegar". Odeio carnaval. Talvez eu esteja me guardando pra quando... bem, ela chegar. Talvez nem me guarde nada, como não me guardei antes. Talvez me guarde para mim, na minha grande coleção de talvez. Como quem não acredita muito no talvez. Como quem espera apenas algo dele mesmo. Já me decepcionei, como qualquer um.

Ouço agora, por coincidência... "Pérola negra". Engraçado que essa música nunca me lembrou ninguém. Agora me lembra três horas dentro de um Gol. Com Laura. Nem escrevo muito sobre Laura, escrevo sobre mim mesmo. Mas sobre Laura, não diria nada de mais. Diria que me surpreendi. Talvez (de novo o talvez) por não esperar nada dela. Agora admiro o que não conheço ainda muito bem. Talvez eu chegue a conhecer, talvez não lembre das risadas bobas daqui a pouco tempo. Nunca se sabe. Uma coisa há de saber, que este texto já está enorme e precisa ser finalizado. Como não chego a nenhuma conclusão sobre nada dito, espero que TALVEZ tudo corra bem. Mentira, ande bem, não é hora de correr.

 
 

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