CLARA
Jorge Costa Filho
 
 

Água sempre cristalina
Jorra abundante do manancial
Que resguarda o mistério
De forma inexplicavelmente clara
Como a neve fria
Tão indiferente quanto ao seu destino
Ao cair do céu
Pólo-norte ou pólo-sul

Devora-me ou te decifro
Sem favor nem pressa
Medo ou pudor
Avia esse contato tão inesperado
Entre o fato e o relato
Flor do que for
Água...

Aura pluri-facetada
Pele da metrópole
Arquitetada em projeto decreto
De planta indubitavelmente clara
Como a força armada
Vomitando a sorte
Em jogo entre a vida e a morte
Na esquina de cada coração

Norteia o discurso
Sem intercalar as vísceras de todo humor
Esquerda ou direita
O inconcebível à espreita
Deita a mão no cursor
Aura...

Clara, a água, a aura clara
Claro que a luz não declara
O clarão que for
E é clara a aura, a água
Tudo em forma clara e rara
Claramente, a claridade em flor.

 
 
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