DEVANEIOS E REALIDADES
Ana Terra
 

Não sei por onde caminho. Apenas estremeço ao sentir uma forte presença nas minhas costas.

Giro lentamente a cabeça e o reflexo do sol num brinco representando o Signo de Escorpião me cega.

Minhas pálpebras abrem e fecham. Os olhos verdes de um bruxo domina a cena. Os cabelos grisalhos fogem entre as abas de um velho chapéu de couro.

Era o guardião de Antares. Não me perguntem onde fica este lugar. Esqueci.

Imagens desconexas na minha cabeça: atalhos, estrada de terra, placas invisíveis, o fim e o começo de um caminho, uma casa simples, um cachorro meigo, uma trilha misteriosa, o estrondo da água saindo pelos cantos da boca de uma estranha figura de pedra.

Uma garota dança a música da cachoeira. Uma percussão alucinada. O tempo inexiste. Seu rosto ora jovem, ora antigo. Ela parece pertencer a todas as épocas. Mexe seu corpo com sensualidade e inocência. Seus olhos estão fechados. Não sente a areia nos pés descalços. Simplesmente se esquece.

O guardião me pergunta se estou bem. Ao ouvir meu sim desaparece nas ruas tortas.

Sento-me num banco de praça. Vejo um obelisco de pedra representando o Sol e a Lua dos antigos.

Tento me lembrar da garota, do bruxo e dos caminhos incertos. É tudo tão complexo que resolvo esquecer.

Para onde estava indo mesmo?

 
 
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