CRÔNICA NÚMERO 23
Osvaldo Pastorelli
 
 

O sol brilha nos picos das montanhas de concreto a irisar, num alinhavo de sombras, os contornos da saudade no asfalto da esfarelada avenida.

Aquele instante permanece gravado no sorriso inesperado e espontâneo, onde tradições acadêmicas dos barões assinalavam o tempo que foi pisado por nós.

Os fatos ocorridos me expuseram aos delírios do teu flash sorriso captado no papel fotográfico que o tempo me levou sem deixar expectativa alguma.

Ter a felicidade preenchida pelos gestos inesgotáveis de sentimentos, não se traduz em palavras, o que é meramente impossível, a perfeição urgente de somente ser um do outro foi o nosso forte alimento.

Palidez corrosiva a exalar fragrância de roupa guardada em baús podres.

Não me revelei por inteiro, muito menos você, era outono de naftalina barata.

Não me liguei em pormenores, mesmo porque, não foi quimeras e nem fantasiosas ações, somente os pés descalços da prudência se sustentava nas passadas de não mais temer os sentimentos, e, no raiar do sol na avenida que novamente se agitava, me vi no solitário caminhar, na impaciência de outra vez de encontrar.

(Crônica inspirada no poema "inesperada alegria", da poeta Eliane Malpighi, postado na lista, na segunda-feira, 11 de outubro de 1999, ás 18:58)