ANJO DA NATUREZA
Waldyr Argento Júnior
 

Devido a aqueles problemas de cunho particular que aqui não me cabe divulgar, o poeta foi levado para aquele paraíso mágico. Lugar que parecia ter sido especial e vagarosamente desenhado por Deus. A tristeza que trazia em seu peito foi aos poucos se apagando, devido aos ventos de felicidade que aquele lugarejo lhe proporcionava. Praias maravilhosas, de águas quentes tropicais, mar calmo e envolvente. Em sua cabeça, às vezes as lembranças tristes da recente separação tentavam invadir aquele pobre coração. Mas, assim que olhava pra aquele céu estrelado, naquelas noites de infinita beleza ecológica, o sorriso invadia novamente o peito e ele voltava a flutuar no jardim do éden.

Para chegar naquela bela ilha, teve que pegar uma barcaça parecida com a da Baía de Guanabara, que o levou do ponto primeiro, onde os portugueses desceram no Brasil até a ilhazinha de Arraial d'ajuda. Brincadeiras e danças no parque aquático, tobogans, fotos, cervejinhas e batidinhas geladas.

Ah, quase já ia me esquecendo da especialidade local: Um drink envenenado e turbinado, chamado “Capeta”, que fazia o mais tímido mortal ficar parecido com o “Elvis Presley” nos seus bons tempos de dançarino e ator.

Visitou também o “Beco das cores” e dos quase quatro mil amores, bebidas psicodélicas carinhosamente preparadas pelo mago do chapéu espiral. E a música da rua “Brodway” juntamente com aquele show alucinante do grupo “Asa de Águia” perto do “Buraco fundo”, que varou a madrugada. Onde pela primeira vez o “cantador de versos” descobriu que para ficar feliz não precisava beber nenhum drink. A magia do local, juntamente com a beleza das músicas baianas cheias de swing e das menininhas novinhas o levava totalmente ao delírio.

Visitou também a belíssima praia de Trancoso e das esculturais meninas nuzinhas com suas ecléticas belezas naturais invadindo o dia.

Numa certa manhã, porém conheceu uma pessoa diferente de todas as outras. Um paraplégico que se arrastava pelas areias da praia principal, catando o lixo que as pessoas insensíveis deixaram espalhas, na tentativa de matar a natureza e apagar a beleza do paraíso. Aquele deficiente cantando, sorrindo e limpando as areias da praia o ensinou muito. À partir daquele dia, ele nunca mais deixou um pedacinho sequer de papel numa praia, num parque florestal, na cidade, etc... Não que ele fosse um “porco” semelhante ao famoso personagem de um antigo comercial da TV, o “Sujismundo”. Mas, na verdade por distração e muitas vezes até por preguiça já observei que a maioria das pessoas não se preocupa com a manutenção de nossos paraísos ecológicos.

Eis que surgiu então aquela figura meiga e doce feito um mensageiro da paz e do amor que sorrindo, apesar da imensa dificuldade em caminhar, lhe mostrou o caminho correto a seguir.

A única coisa que posso fazer é agradece-lo, pois Deus não lhe deu as pernas perfeitas, mas lhe criou pra servir de exemplo aos homens que se acham normais. Parabéns, “Anjo da limpeza!” Parabéns, “Anjo da Natureza!”

(*) Um pequeno relato de minha viagem à Arraial D'Ajuda
 
 
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