BEM-TE-VI
Luís Valise
 
 

Estou chegando agora de viagem amor adentro, de onde ninguém volta como partiu. Segui em rumo da luz que saía desse teu olhar que navega em perene tristeza. E é por saber-te tão triste, meu amor (que mesmo já não sendo não sei chamar de outro nome) que mais me dói o acabamento do que me fez feliz, ainda que por tão pouco tempo. São os mesmos os telhados que me prendem; são as mesmas as ruas que me perdem. Já não vens com a insônia. O pensamento que buscava teu sorriso longe ainda agora se aventura, mas nada encontra senão o corpo do pássaro que se debate contra as paredes do cárcere da indiferença. A noite me encontra morto e murcho, e os sonhos em que te via agora se esquivam por esquinas estranhas.

Porque teve de ser, foi, e primeiro, e único.