FOMOS IGUAIS
Carvalho de Azevedo
 
 

Mal refeita do impetuoso encontro
Recomponho-me entre assustada e surpresa
Há pouco sem perceber
Fui tua vítima, tua indefesa presa.

Pelo meu corpo ainda quente ardem
Marcas indeléveis da tua virilidade
Carinhos sem compromisso, amor mal feito
Misto de excitação, e pura frivolidade.

Cabelos em desalinho, rosto manchado
Irreconhecível pela pintura desfeita
Mulher vulgar mostra-me o espelho
Mentira! A imagem é imperfeita.

Recomponho-me na solidão do quarto
Desejos satisfeitos, sensação de reciprocidade
Fugaz momento de prazer e volúpia indescritíveis
Fomos iguais na paixão, no ardor e na voracidade.