OS PARANORMAIS: TÃO PERTO E TÃO DISTANTE!
Bruno Pinheiro de Lacerda
 
 

A vida nos ensina várias coisas; entretanto, só aprendemos algumas. E por quê? É que só aprendemos as duras, fortes e claras lições que a vida nos ensina; o que é sutil _ e que, às vezes, está até bem mais próximo de nós _ não percebemos. Perceber as sutilezas deveria ser uma qualidade essencial (mas não é), principalmente daqueles chamados de: OS PARANORMAIS!

Caio e Daniela venceram suas lutas. Algumas lutas pouco relevantes aconteceram. Hoje era dia de rodada dupla: Amanda contra Insígnif e Leandro contra David. Caso Amanda vencesse, enfrentaria Daniela e, caso Leandro vencesse, enfrentaria Caio. Que torneio incrível, não é?

Como sempre, a arena estava lotada. Caio e Daniela assistiam às lutas, da Tribuna de Honra. A primeira a lutar seria Amanda. Vou poupá-los, nessa rodada, mais uma vez, caros leitores, da presença do narrador. Daniela estava ansiosa. Ela torcia por Amanda, mas, ao mesmo tempo, sentia uma coisa ruim. Lutar contra sua melhor amiga... Ah, seria terrível! Ah, não! Não! Não mesmo! Tinha que ser fácil! Amanda era uma outra oponente qualquer, como muitos que Daniela já tinha enfrentado! Daniela precisava lutar com seriedade, porque... Ah, ela precisava! Precisava lutar com todas as suas forças! Ela prometera isso! Daniela gritou, para dar força à amiga: _ “Vai lá, Amanda! Acaba com ele!” Caio não acreditou. Ele estava lá, sentado, calmamente, tranqüilo! Mas, aquela voz... Ah, aquela voz... Por que Daniela se sentara justamente ao lado dele? Ah, como Caio é bobo! Daniela não enxerga também e, se se sentou ali, foi por pura coincidência. Daniela não sabia que estava do lado esquerdo de Caio; este, embora soubesse que a rival estava à sua esquerda, decidiu ficar quieto, ele não queria confusão _ não mesmo! Caio acompanhava aquela luta com uma certa indiferença. Ele só queria ver como atuava uma possível adversária dele nas semifinais. Daniela torcia por sua amiga, torcia mesmo! Por fim, a luta começou.

Amanda lançou um ataque que deixou a energia vital do inimigo em 80%. Este, contra-atacou, deixando a energia dela em 70%. Amanda juntou suas energias e lançou novo ataque, deixando a energia vital do adversário em 50%; ele, por sua vez, lançou novo ataque e deixou a energia vital dela em 60%. Amanda lançou um ataque fortíssimo, do qual Insígnif se desviou. Insígnif lançou um incrível ataque, o qual deixou a energia da rival em 40%; a rival, porém, contra-atacou com fúria e fez o maior estrago na energia vital dele; a energia vital de Insígnif ficou em 20%. Ele caiu no chão. A contagem foi aberta; com um esforço tremendo, Insígnif levantou-se. Ele lançou um novo ataque, todavia fraco e insignificante, do qual Amanda se desviou. Ela, por outro lado, lançou um ataque final eficaz, deixando a energia vital do oponente em 10%. Ele caiu no chão e foi, por fim, vencido. Daniela deu pulos de alegria. Ela gritou: _ “É isso aí, Amanda! Valeu!” Amanda foi aplaudida e saiu como vitoriosa. Ela foi até Daniela e disse (a partir daí, um diálogo se estabeleceu):

_ Eu consegui, amiga! É uma pena que, agora, vamos nos enfrentar.

_ É, é sim.

_ Bem... Agora está na hora de eu realizar meu maior sonho: reencontrar meu irmão _ David.

_ É... Eu também queria realizar meu sonho, mas parece que vai ser difícil...

_ É... Vai sim. Mas... Por que você foi se sentar logo aí, ao lado do seu maior rival?

_ O quê? Como assim? Eu...

_ Exatamente! Você está do lado de Caio!

_ Ah... Eu não sabia; se soubesse, teria me sentado em outro lugar. Mas... Agora, deixa pra lá.

_ Tudo bem, você é quem sabe. Eu vou para o meu lugar na tribuna, porque quero ver meu irmão.

_ Tudo bem. Vá.

Amanda foi-se. Daniela não podia acreditar: ela estava... Do lado de Caio? Que droga, hem? Ah, será que ele não percebeu? Ah, certamente percebeu! Afinal, ela gritou e... Certamente, ele reconheceu a voz dela. Mas... Sendo assim... Por que ele não mudou de lugar, ou, por que não disse nada? Será que ele não se importava de estar ao lado dela? Caio estranhou o fato de, apesar de Daniela descobrir que estava ao lado dele, ela ter permanecido ali. Por quê? Estar ali não a incomodava? Ah, seja como fosse, era melhor deixar pra lá; afinal, agora era a hora da luta de Leandro. Leandro entrou na arena. Caio gritou: _ “Vai lá, cara! Vai lá, amigão! Ganha a luta!” As palavras de Caio eram sinceras; ele preferia lutar contra Leandro que ver o amigo perder. Se alguém tinha que derrotar Leandro, que fosse ele, Caio. Leandro entrou na arena, o tempo passou, mas David não chegou. Amanda ficou decepcionada. Por que o irmão não foi? Por quê? Leandro foi declarado vencedor por WO. Amanda foi para o vestiário, chorou muito, mas decidiu lutar melhor que antes.

Os dias se passaram e a outra fase chegou. Dessa vez, a luta de Daniela contra Amanda seria a primeira.Tudo estava pronto. Amanda decidiu que acabaria com Daniela, caso precisasse, para ver se o irmão se orgulhava dela. Daniela só pensava em... Ah, ela havia prometido... Vencer tudo, todas as dificuldades... Ela havia prometido! Ela havia prometido, e iria cumprir! As duas entraram na arena e o narrador contou:

_ Olá, galera! Sejam bem-vindos à segunda fase do torneio! E hoje, na primeira luta, para abrir a segunda fase, teremos uma luta incrível entre duas amigas: Daniela e Amanda! E vem aí... Daniela! Ela está do lado direito da arena! Que coisa... Ela não parece contar com a simpatia das outras garotas... Só dos homens! Ela tem treze anos, minha gente, mas é uma excepcional lutadora! E do lado esquerdo, vem aí, Amanda! Ela vem sempre com a cara fechada... Será por quê? A luta vai começar, galera, a luta vai começar!

Amanda estava concentrada: ela não ouvia nada. Daniela também estava concentrada, mas ouviu uma voz. Era a voz de Caio, que disse:

_ Vai lá, garota! Se você tem mesmo um sonho, vai ganhar da Amanda e lutar contra mim nas semifinais! Vamos: vença!

Por que Caio havia dito aquilo? Daniela não entendia. Mas a luta ia começar.

(continua)