OPUS 69
Luísa Ataíde
 
 

Frederic Chopin um homem além da música. Um pintor, um poeta, um espaço entre as teclas do piano. Frederic fala-nos com suavidade como a brisa que balança a cortina da janela aberta à imensa claridade, ao vento. Por certo que as folhas receberão seu rítimo, e com elas dançarão a valsa da hipsnose que liberta. Sua melancolia se aliará às cores das flores e frutos. Poesia, sonoridade e cor. As notas transbordam a taça de vidro sobre o velho piano e ilumina-se a sala. As cores transbordam a janela de vidro e iluminam a sala. A poesia atravessa os dedos sobre as teclas , salta a escada iluminando a sala. Os homens e seus chapéus chegam à porta. As damas portam lenços entre os dedos e, suaves flores no cabelo. As rendas varrem o tapete da grande sala. A mulher atravessa e sorri. Para ele o salão está vazio, não vê o homem ao lado da mulher, apenas o olhar em voluntário abismo. A mulher é presa à rede lançada ao mar. Nâo percebe a teia a sua volta, nem que os cardumes assumem nova direção. A mulher ouve a música e procura. Já não ouve apenas a música,entre os acordes está o apito inaudível. Só os cães farejam sons em noites silenciosas. Homens e seus sapatos escuros povoam o chão da grande sala. Sente o perfume das acácias ao vento.