POESIA BORRADA
Pedro Brasil Junior
 
 
Perdi minha poesia num guardanapo de papel...
Não faz sentido!
Palavras escritas sem nexo e com caneta tinteiro.
Palavras borradas em garranchos incompreensíveis!...
Perdi minha poesia nos borrões do teu baton no mesmo guardanapo...
Mas aquilo tudo já era por si só uma poesia sem versos.
Perdi então meus versos numa poesia irônica.
Guardanapo borrado por entre copos e garrafas.
E a madrugada tomou conta das horas enquanto a alegria contagiava o ambiente.
Havia uma música e uma partitura.
Havia um piano e um violino.
Havia uma garrafa e duas taças.
Havia uma razão para descrever o instante!
Mas o único papel era o guardanapo, agora senhor absoluto de todas as escritas.
Teus lábios majestosamente impressos sobre as palavras davam a forma de um quadro.
Uma obra de arte sem pincéis ou referências.
Apenas teus lábios eternizados num instante!
E a minha poesia perdida foi levada pelo vento...
Ficaram as garrafas em prontidão, como guardiões de um templo onde só o tempo tem acesso.
Ficaram no meu coração as palavras para todo o sempre e no guardanapo de papel, as impressões de um beijo embebido na mais pura essência do meu vinho preferido.
 
 
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