OS PARANORMAIS: O LAÇO DA AMIZADE
Bruno Pinheiro de Lacerda
 
 

(...)


Quando duas pessoas se doam partes de suas vidas, elas criam um poderoso laço que as une: o “LAÇO DA AMIZADE”. Isso é mais verdade ainda, para aqueles capazes de controlar o universo, aqueles chamados de: OS PARANORMAIS!


Finalmente, a luta entre Caio e Daniela teve um fim. Ah, mas... Que final trágico! Os dois paranormais ficaram muito próximos da morte. Caio, a princípio em melhor situação, doou parte de sua energia vital a Daniela, salvando a vida dela, mas, quase se condenando à morte. Agora, no hospital, Caio está quase sem vida. Será o fim para ele?


Diante da ameaça de Zenildo, o médico explicou:


_ Senhor Zenildo... Por favor... Entenda... Bem... É que... Como o senhor deve saber, ninguém, até hoje, sobreviveu com apenas zero vírgula um por cento de energia vital... Nem mesmo uma pessoa com todo o sangue e sem um ferimento sobreviveria... E... O garoto é exceção. Bem, eu, particularmente e sinceramente, não entendo como ele ainda está vivo! E... Bom... Ele precisaria, agora, de sangue... Ele perdeu muito sangue... O senhor sabe, não é? Só que há um problema: o tipo de sangue dele é... Raro... Não... Mais que isso... Eu nunca tinha visto igual e, a ciência também não, pelo que pude ver nas minhas pesquisas... Pra piorar, ele precisa receber sangue de um paranormal, o que dificulta mais as coisas...


_ Pois bem: eu doarei o sangue, então. _ Zenildo afirmou, resoluto.


_ Bom, seria uma opção... Talvez o sangue do senhor fosse compatível, embora eu duvide... Mas... O senhor, com todo o respeito, não está a altura... Digo... O senhor é um paranormal de classe baixa, ou seja, não tem um cristal protetor e, o menino precisa do sangue de um paranormal classe alta, entende?


_ Ah, sim... Entendo. Bem, nós temos aqui quatorze paranormais... Talvez um pouco menos... Mas, eles podem doar o sangue que Caio precisa, não?


_ Bem, senhor Zenildo... Se o sangue deles for compatível _ o que eu duvido _, sim, podem.


_ Então, o que espera pra fazer logo o maldito teste de compatibilidade, doutor?


_ E... E... Eu... J... J... Já... Já vou... Fazer... Senhor...


_ Rápido! Lembre-se, doutor, de que está em jogo sua carreira e, talvez, até mesmo sua vida!


Dizendo isso, Zenildo saiu batendo a porta e o médico foi fazer os testes. Ele fez os testes com quase todos os paranormais que participaram ou estavam participando do torneio. Como ele esperava, nenhum sangue era compatível. Ah, aquele sangue que o garoto tinha... Aquele tipo de sangue... A Ciência nunca havia visto! O garoto não tinha chance alguma de se salvar... E... Como o médico faria agora? Será que aquele senhor... O tal de... Zenildo... Cumpriria a ameaça? O doutor se imaginou em outra profissão... Qual escolheria? Bem, na certa Zenildo, tão influente, ia impedi-lo de conseguir emprego em qualquer profissão... Talvez... Ah, talvez se ele fosse para o interior! Talvez se trabalhasse de doméstica... Não era tão ruim assim... Talvez de babá fosse mais fácil... Ou de camelô (_ “Dois CD é cinco Real”)... É, essa opção era menos ruim... Bem... De que mais ele poderia trabalhar?


O médico foi despertado dos seus devaneios por uma voz ríspida, a qual cobrava resultados:


_ E então, doutor? Caio já está melhor?


Era Zenildo. E agora? O que o médico faria? Sem saber o que dizer, ele falou:


_ Ah... Senhor Zenildo... É o senhor... Ah... An... É... Bem... É que... É que... Sabe... É... An... É... Eu fiz o teste com todos... Mas... Ne... Ne... Nenhum... Nenhum foi... Nenhum foi com... Nenhum foi... Com... Comp... Compatível... Sabe... Eu... Eu fiz tudo o que pude...


_ O senhor fez o teste com todos? Todos mesmo, doutor?


_ Bom, fiz...


_ Tem certeza, doutor? O senhor fez mesmo o teste com todos?


_ Sim, senhor Zenildo, fiz...


_ É mentira! _ Disse uma voz de alguém que entrava no lugar onde Zenildo e o médico conversavam. _ Isso é mentira, doutor!


_ Co... Co... Como assim? _ Questionou o médico, incerto, olhando para a pessoa que acabava de entrar... Quem era mesmo? Ah, era aquela menina cega! Ah, não! Com ela ele jamais faria o teste.


_ O senhor não fez o teste comigo, doutor! _ Daniela falou.


_ Ah, é... Bem, você não está em condições...


_ Doutor, quem determina se estou ou não em condições, sou eu! _ Daniela bradou, com raiva.


_ Ora! _ O médico irritou-se. _ Ora! O médico aqui sou eu!


_ Exato, doutor, e é por isso que o senhor vai fazer o teste comigo agora! _ Daniela replicou.


_ Eu não vou fazer o teste com você, garota! Você tem só dez por cento de energia vital e...


_ Isso é mais que suficiente, seu médico de quinta! _ Daniela retrucou, perdendo a paciência. _ Eu sei muito bem que dez por cento é um valor razoável, ouviu? Sei que muitos paranormais doaram sangue com essa porcentagem de energia vital e, sem problema algum, sobreviveram! Ora, médico idiota! Você não quer que eu faça o teste, porque tem preconceito! Tem medo de tirar meu sangue, porque sou cega, não é, doutor?


_ N... Não...


_ Não negue, maldito! _ Daniela perdia o resto de calma que já não tinha. _ Se não fizer logo o teste comigo, considere-se morto! Não vou deixar que, por causa de um preconceito seu, seu médico de quinta, uma vida seja perdida!


_ Doutor, _ Zenildo interveio _, o senhor não tem saída. Se a garota aí não matar você, além de acabar com sua carreira, eu o denuncio por preconceito e o coloco na prisão! Ah! E... Se o sangue dela for compatível... Posso denunciá-lo também por homicídio!


_ O... O... O... O quê? _ Gaguejou o médico.


_ E então, doutor? _ Daniela questionou. _ Vai ou não fazer logo esse teste?


_ S... S... S... Si... Si... Sim... Vou... _ Respondeu o médico, trêmulo. _ Mas... Não acredito que seu sangue seja compatível.


_ Então, pare de perder tempo e faça logo esse teste!


_ Ah, ta... Tudo bem. Vamos com isso, então. _ Falou o médico, derrotado.


O teste foi feito. A tensão que havia ali, naquela sala onde o teste era feito, era enorme! Então, após um tempo, o resultado saiu. O médico enunciou, admirado:


_ Ah... Como... Como pode? Não... Não pode ser! O seu sangue é compatível, menina!


Daniela deu pulos de alegria. Ah, ela poderia ajudar! Que ótimo! O médico, porém, advertiu, após chamá-la para um quarto _ onde, provavelmente, seria retirado o sangue _ e convidá-la a se sentar, na cama que havia no local:


_ Bem... Qual é o seu nome, menina?


_ Daniela...


_ Bom, Daniela, tenho que adverti-la de uma coisa... Caio precisa de muito sangue... E, você está fraca... Quando eu tirar parte de seu sangue, sua energia vital cairá. Bem, só poderei tirar sangue seu até que sua energia vital esteja a um por cento. Depois, não poderei mais. Então, não posso garantir que Caio se salvará. E, além disso, você correrá grandes riscos. Mesmo assim, você quer doar seu sangue, Daniela?


_ Mais é claro que sim, doutor! Ora! Que pergunta idiota! Ele salvou a minha vida, sem se importar com o que ia acontecer com ele! E... Agora, que eu tenho a oportunidade de retribuir... É claro que eu vou fazer isso! Vamos logo, doutor!


_ Bem, é você quem sabe... A vida é sua mesmo...


_ Rápido, doutor! Cada minuto é importante!


_ Você quer mesmo ajudar Caio, não é, menina?


_ É claro!


E Daniela doou o sangue. Na hora, a energia vital dela ficou em 1%, como o médico havia dito.


O doutor foi correndo no quarto onde Caio estava internado e tomou os procedimentos cabíveis. Logo Caio recebeu todo o sangue doado. Zenildo entrou no quarto e perguntou:


_ E então, doutor?


_ Bem, pelo menos a energia do garoto está agora em... Oh! Um por cento! Eu olhei há cinco segundos atrás e, estava só em meio por cento... Que coisa incrível! _ Zenildo sorriu com isso.


_ É, doutor... É o amor...


_ Senhor Zenildo... Caio e Daniela procuravam irmãos, não é? Se entendi, Caio procurava a irmã e Daniela o irmão, não é?


_ Sim, é.


_ Ah... Eu acho que eles já encontraram...


_ Não, doutor, ainda não.


_ Sim, senhor... Veja... O sangue deles são compatíveis e, ambos são raríssimos... A Ciência nunca viu sangue desse tipo! E...


_ Sim, doutor, o senhor descobriu, mas não vai contar.


_ Não? Mas... Mas... Por quê?


_ Porque eu não quero! E, também, porque o senhor adora ser médico!


O “doutor” entendeu o recado e se calou.


O tempo passou e, tanto Caio quanto Daniela estavam recuperados... Na medida do possível, é claro. Daniela foi liberada primeiro e foi visitar Caio. No meio do caminho, Leandro a impediu:


_ Não dê mais um paço, ou você será uma garota morta!


_ Ah, é mesmo?


_ Eu não vou permitir que você faça mal a Caio!


Leandro, obviamente, não sabia do que ocorreu. Aliás, ele estava ali há um tempo, esperando que o médico permitisse sua visita ao amigo. Daniela apenas disse:


_ Acha que pode me impedir, garoto?


_ Não acho, eu vou!


_ Sai da minha frente, Leandro, eu não quero machucar você!


_ Você? Machucar? A mim? Faz-me rir, garota! Você não está em condições!


_ Ah... Você acha que não?


_ Se der mais um paço, eu mato você, Daniela!


_ Bem, Leandro, então... Tente!


Daniela avançou. Leandro, então, lançou seu ataque especial:


_ [Canhão de luz!]


Daniela lançou:


_ [Neve refletora!]


A neve branca de Daniela foi como um espelho, que refletiu o ataque de Leandro contra ele próprio. Leandro foi jogado no chão, longe dali. Daniela avançou, na direção do quarto onde Caio estava. Eis que Clara se põe na sua frente e diz:


_ Não, você não vai entrar aí!


_ Ora essa! Você acha que pode me impedir? _ Daniela gritou, irritada.


_ Eu darei a minha vida, se necessário! _ Clara respondeu.


_ Não, garota, eu não quero sua vida. Nem vou machucar você. Mas, você não vai me impedir.


Dizendo isso, Daniela moveu as mãos e ergueu Clara no ar, fê-la flutuar e a colocou no chão... Contudo, agora Clara estava atrás de Daniela. Daniela, então, entrou no quarto calmamente e fechou a porta, fazendo com que ela se trancasse. Como ela fez isso? Ora, leitor, é fácil! Os paranormais controlam energia e matéria!


Ao ouvir tudo aquilo, Caio limitou-se a dizer:


_ Ah... Olá. Fico feliz que você esteja bem.


Ele estava sendo sincero. Mas, estava abatido... Afinal, perdeu sangue demais e quase morreu, não é? E, isso, deixa qualquer um mal! Daniela falou:


_ Caio... Obrigada... Você salvou a minha vida...


_ Ora, não precisa agradecer! Afinal, você fez o mesmo!


_ Ah... Como sabe? O doutor...


_ Sim, ele me contou.


_ Engraçado... Eu não esperava que você fizesse isso... Não esperava que salvasse minha vida...


_ Bom, eu também não esperava que você fosse...


_ Ah, não... O que fiz não foi nada surpreendente, Caio. Eu só retribui...


_ Mesmo assim, você correu um grande risco...


_ Não, não foi tão grande assim. Nós éramos rivais... Talvez a maior rivalidade desse torneio... E... Logo após uma luta dura... Você... Salva minha vida... Isso sim é inesperado! E, ainda, você quase se matou! Você quase... Quase...


_ Dei a minha vida por você?


_ Bem... É...


Caio sorriu. Daniela perguntou:


_ Caio... Por que fez isso?


_ Bom... Na verdade, eu não sei. Apenas segui meu coração. Eu não achei que sua morte fosse boa... Logo agora que você perdeu aquele ódio...


_ Mais uma vez, Caio, obrigada! Você fez muito por mim e...


_ E, você retribuiu a altura!


_ Não, não mesmo! Ainda devo muito...


_ Não.


_ Mesmo que você diga que não, eu continuo achando que sim...


_ Ah, ta... Bem, acho que sei uma forma de esquecermos isso, então.


_ Qual?


_ Você seria capaz de esquecer tudo o que passou? Seria capaz de esquecer os dias de conflito?


_ Ah, Caio, é tudo o que eu mais quero agora!


_ Então... Esqueça tudo, tudo mesmo e você não me deve mais nada.


_ Não é justo...


_ Mas é o melhor.


_ Ah... Por mim tudo bem, então.


_ E então? Será que podemos ser amigos? Será que podemos esquecer as brigas?


_ No que depender de mim, sim.


_ Amigos, então?


_ Sim, claro! Amigos!


Daniela foi até a cama onde Caio estava sentado e os dois se abraçaram.


Após um tempo, Daniela se afastou um pouco. Caio a convidou para se sentar e ela aceitou. Em seguida, ela disse:


_ Caio... Há uma coisa que me preocupa...


_ O que é?


_ Bem... Sinto que estamos sendo observados... E... Acho que é por algum paranormal... Mas... Não sei quem é.


_ Não sabe mesmo?


_ Não...


_ Ora, é fácil! Junte dois mais dois!


_ Não sou boa em Matemática...


_ Você é a melhor estrategista que conheço!


_ Ah, é? Pois eu acho que não sou tão boa assim...


_ Bom, Daniela... Veja... Quem nós não conhecemos, dos paranormais inscritos nesse torneio? Quem devia participar e não o fez?


_ Ah, não... Não pode ser...


_ Sim, é ele!


_ David?


_ Ele mesmo!


_ Mas, Caio... Não pode ser outra pessoa? Digo... Sei lá... Alguém que não conhecemos...


_ Não conhecemos David...


_ Ah, não... O que eu quis dizer foi... Alguém de fora...


_ Não, não parece. Parece que é uma energia semelhante à de Amanda... Você não notou isso?


_ Sim, notei. Mas... O que David quer aqui? Por que está nos observando?


_ Bom, eu não sei o que ele quer, infelizmente. Mas... O que sei é que ele está nos observando, parado, como um crocodilo que se finge de tronco de árvore boiando no mar... Ou no rio... Ele está quieto, preparando o bote, que, creio, virá contra nós.


_ Mas, Caio... Por que ele nos atacaria? O que ele tem contra nós?


_ Eu não sei, Daniela, eu não sei, infelizmente. Mas... Se ele está escondido, observando tudo, não é nosso amigo.


_ É, você tem razão. Mas... O que vamos fazer?


_ O que podemos fazer?


_ Não sei...


_ Ora, nada! Eu e você estamos fora de combate. Amanda... Bem, jamais lutaria contra o irmão, ou você acha que sim?


_ Não, não mesmo.


_ Bem, só Leandro poderia lutar... E, se David viu tudo mesmo, deve ter vindo com um bom espelho...


Daniela e Caio sorriram. A menina falou:


_ Ah... Droga! Tudo podia ficar bem agora, mas... Parece que... Ah, Caio, eu sinto que algo pior está por vir! E... Bem... Sei que pode parecer estranho, mas... Eu tenho medo.


_ Ah, eu também tenho esse mal-pressentimento. Mas... Não tenha medo! Tudo vai acabar bem, sei que vai!


_ Como pode ter certeza disso?


_ Daniela... Você sabe o que determina o vencedor em uma luta?


_ Não...


_ O vencedor não é aquele que tem mais energia... O vencedor é aquele que tem maior determinação, é aquele que tem maior amor na alma! E, tenho certeza de que nós temos isso de sobra! Temos muito mais que ele!


_ Ah... Caio... Você me faz lembrar de algumas coisas... Algumas lembranças obscuras pra mim... Acho que você me faz lembrar do meu irmão... Tanta segurança... Tanta determinação... _ Daniela falava, saudosa.


_ Ah, que bom! _ Caio disse, sorrindo. _ Bem, acho que minha irmã não era muito diferente de você, mas... Não tenho certeza. Minhas memórias sobre ela são pouquíssimas, infelizmente... Quando Zenildo me atacou, foi mais duro comigo...


_ Sabe, Caio, acho que eu devia ter deixado você matar Zenildo... Teria evitado tantos problemas...


_ Ah, tudo bem... Até que ele é um pouco útil, não?


_ Sei lá...


_ E, foi bom você ter me impedido... Eu nunca matei ninguém e... É bom continuar assim.


Os dois sorriram. Caio perguntou:


_ Ah, é! O que você fez com Leandro? _ O tom de voz de Caio não era de censura, que fique claro! O tom de voz dele era de divertimento.


_ Ah, o que eu fiz com ele? Acho que a pergunta certa não é essa... A pergunta certa é... O que ele fez com ele mesmo? _ Daniela sorriu e Caio acabou por sorrir também.


_ Bem, e então?


_ Ah... Ele lançou aquele ataque louco de luz lá e eu refleti... Não sei bem no que deu. Agora, com a sua amiguinha, a Clara, eu não fiz nada. Eu só coloquei ela para trás de mim e vim pra cá. Ela gostou mesmo de você, hem? _ Daniela zombou.


Os dois se divertiam muito conversando.


De repente, porém, uma voz foi ouvida, não só no hospital, mas, em uma área bem maior:


_ Zenildo, seu maldito! Se não quiser que eu atrapalhe sua brincadeira, entregue-me aquilo que você sabe o que é! E não quero vê-lo! Portanto, deixe na arena, hoje, à meia-noite! Se você não me entregar o que quero, vou atrapalhar seu torneio e, sabe quem serão os primeiros a morrer? Bom, o primeiro será um tal de... Caio! Rá, rá, rá, rá, rá! e, o segundo... Será você! Rá, rá, rá, rá, rá!


Daniela assustou-se muito... De quem era aquela voz prepotente e arrogante? Ela tentou se concentrar, a fim de descobrir onde o dono da voz estava. Todavia, Caio, sentindo o que ela fazia, interrompeu-a, dizendo:


_ Não, não faça isso. É inútil! Mesmo que você o localize... Não vai poder fazer nada.


_ Mas... Será que... Será que...


_ Sim, é David.


_ Ah, Caio, mas... _ Daniela estava apavorada. _ O... O que... O que ele quer?


_ Acalme-se! Eu também não sei o que ele quer. Mas, Zenildo deve saber... E, bem, o que podemos fazer agora é esperar... E mais nada! Então, acalme-se!


_ Eu... Eu tenho medo... Não quero mais ter aquelas lutas horríveis... Não quero... Nunca quis! Eu só queria ser uma garota normal...


_ Não precisa lutar, se não quiser. David não quer você.


_ Mas...


_ David disse que mataria a mim primeiro e, depois, a Zenildo. Então, quem deve lutar aqui sou eu. Você, se quiser... Ah... Sei lá... Vá para algum lugar seguro e... Seja uma garota normal!


_ Não! Não posso fazer isso!


_ Mas... Não é o que você quer?


_ Ora Caio! Eu ia ser uma garota normal e deixar você e Leandro lutarem sozinhos? Seria uma covarde! E, isso eu não sou! Sim, eu tenho medo! Mas, não vou fugir!


_ Tudo bem... A verdade é que eu também não vejo sentido nessas lutas... Mas, sempre quis ser um paranormal. Então, se David quiser lutar, nós lutaremos! E, eu vencerei! Vencerei, por tudo o que há de bom no mundo, por Leandro, por Clara e, claro, por você também!


_ Bom... _ Daniela estava desconsertada. _ Bom... Eu vou ajudar você a vencer, custe o que custar!


(continua)


(...)