ERA UMA VEZ
Adão Jorge dos Santos
 
 

Um dia minha filha trouxe um bilhete da escola dizendo que os pais deveriam apresentar alguma coisa na sala de aula para a turma na semana nacional de integração pais e escola. Eu nunca havia contado histórias para outras crianças , só para as minhas.

Cheguei na escola e fui logo entrando na sala que já estava cheia de gente. De acordo com a chamada aquele seria o meu dia para ler a história do grande livro encantado. Fui para frente da sala e abri o livro mágico. Olhei as carinhas deles e senti a expectativa pairando no ar. Resolvi contar a história de Hansel e Gretel dos Irmãos Grimm.

"Era uma vez, ao pé de uma floresta grande vivia um pobre lenhador com sua mulher e seus dois filhos. o filho se chamava Hansel e a filha Gretel, a família era tão pobre que eles mal tinham o que comer."

Devo salientar que sempre gostei de contar historias, e às vezes, exagerava na impostação da voz, ou seja, dava vida aos personagens e tentava captar a atenção deles.

"uma noite, quando as crianças haviam ido dormir, o homem suspirou e disse a sua esposa, o que vai ser de nós? como vamos alimentar nossos filhos se não temos nada nem para nós mesmos?" então decidiram levar as crianças bem cedinho para o fundo da floresta e deixá-los lá para sempre, assim se livrariam deles".

As crianças começaram a se aquietar e a prestar atenção na história. Eu sabia que alguns deles viviam de forma precária, e muitas vezes comiam apenas a merenda rala que era servida na hora do recreio na escola, vi que algumas crianças olharam de canto de olho para os seus pais, indagando mentalmente se eles seriam capazes de fazer o mesmo com eles.

Bom, a medida que eu ai contando a história de João e Maria, nome abrasileirado dos personagens Hansel e Gretel, nada mais se ouvia na sala. Ninguém sequer tentava respirar para não atrapalhar a história. Acontece que o menino era muito inteligente e colocou pedrinhas no seu bolso e assim conseguiram voltar para casa são e salvos da primeira vez. Nesta parte houve aplausos das crianças que comemoraram o retorno de João e Maria.

Da outra vez que foram levados para floresta, João foi deixando migalhas de pão pelo caminho na tentativa de retornar par casa. Só que desta vez os pássaros haviam comido todas as migalhas e eles ficaram então perdidos na floresta. Então depois de tentarem em vão encontrar o caminho de volta, viram uma casinha toda feita de bolo e doces e as janelas eram feitas de açúcar. As crianças estavam com fome e começaram a comer a casa de doces que era de uma bruxa malvada que queria devorar eles. É claro que eles foram aprisionados pela velha bruxa que havia construído a casa de doces para atrair as crianças na armadilha e em seguida ela as alimentava até que estivessem gordas o suficiente para serem comidas.

Todos na sala estavam encantados com a história de João e Maria tanto que eu não sabia quem era pai e quem era filho. De repente, Maria conseguiu enganar a bruxa e ela caiu dentro do próprio forno e morreu queimada.

"Elas então dançaram de alegria e abraçaram-se! Então eles encontraram dentro da casa da bruxa todas as espécies de tesouro que ela havia roubado das pessoas. Rindo as duas crianças juntaram o todo o tesouro que conseguiram carregar. João encheu os bolsos e Maria encheu o avental. Conseguiram sair da floresta encantada graças a um pato branco que estava em um lago. Quando chegaram em casa abraçaram seu pais fortemente e mostraram o tesouro para ele que ficou muito feliz, e então viveram felizes para sempre.

Fui aplaudido e me pediram para contar mais histórias do meu grande livro encantado, a turma toda gritava mais um, mais um, mais um...