QUEM SOU EU
Valéria Vanda de Xavier Nunes
 
 

Sabe aquela pessoa que adora um livro? Essa pessoa sou eu. sempre adorei literatura, não só a “boa” literatura, mas também, aquela muitas vezes chamada de “barata”, de piegas, de folhetim ou o que queiram chamar. Gosto de ler sim! Gosto de ler tudo.!

Desde os meus doze para treze anos aprendi a “gostar de ler”. Sou como se diz “rata de biblioteca, uma vez que, quanto mais velho o livro, mais mofado, mais grosso, mais prazer sinto com a leitura, e gosto principalmente de livros dramáticos, de muito sofrimento .

Lembro que um dos primeiro livros que li na adolescência foi Hiroshima e Nagasaki e que fiquei bastante chocada e impressionada por muitos e muitos dias com o sofrimento pelo qual passaram aquelas pessoas.

Sempre me perguntei qual a razão pela minha preferência por livros que falam da Segunda Guerra Mundial- do holocausto- dos livros que retratam o sofrimento dos mineiros e dos que falam sobre escravidão . Às vezes, acho que na outra encarnação eu tenha sido prisioneira de guerra, ou escrava, ou mulher de mineiro , só pode ser isso! E tem mais! Meu maior sonho e minha maior esperança é conhecer um dia um campo de concentração alemão. Enfim, acho que o meu amor pelos livros, deve-se ao fato de que eu gostaria muito de interpretar os personagens destes livros, porque no fundo, no fundo, também tenho uma veiazinha para o teatro e gostaria muito de ter sido atriz.

Minhas filhas riem quando digo que ainda vou fazer um curso de atriz. Me pego às vezes pensando que este meu gosto por literatura é talvez uma forma inconsciente de viver , de uma maneira ou de outra os personagens. Uma vez que não consegui ser essa atriz na vida real, represento os personagens através dos meus adorados livros.

Às vezes, também me pergunto por que fiz Letras, se é um curso que paga tão mal quando gosto tanto de dinheiro ( mas também, quem é que não gosta, não é ?) talvez, seja por que a profissão tenha algo de teatral, uma vez que cada vez que entro numa sala de aula repleta de alunos, estou diante de “uma platéia, estou de certa forma representando um papel e consequentemente sendo um pouco atriz.

Confesso que, mais do que representar, meu desejo maior é o de escrever . Não de ser uma escritora “famosa” destas que fazem “lançamento de livros, noite de autógrafos” e outras coisas mais, porém uma escritora que fosse capaz de passar para o papel todas as coisas que no dia-a-dia me emocionam e que me deixam sensibilizada. Gostaria de poder expressar minhas reflexões sobre as coisas da vida, de uma maneira simples mas que chegasse a emocionar e sensibilizar um possível leitor. Às vezes posso aparentar para a maioria das pessoas ser superficial, fútil, devido ao meu jeito de ser, contudo, sei que bem no fundo de mim, nos momentos mais inoportunos, brota uma extrema sensibilidade e uma emoção muito forte diante dos problemas do mundo, das desigualdades sociais, das injustiças, e, muitas vezes eu mesma me pego segurando as lágrimas e sufocando o pranto nas horas mais impróprias.

Como diz Maitê Proença “Escrever é se expor”, e eu digo, que é também se abrir para o outro, é mostrar a alma, e por isso, torna-se tão difícil para mim fazê-lo. Todavia, aqui e agora sentada em frente ao computador me pergunto. Será que conseguirei? Vamos ver... Quem viver lerá!...