UMA DECLARAÇÃO DE AMOR
Afonso José Santana
 
 
“Sabe, há muito tempo eu queria fazer isso, mas não dessa forma agora que estou fazendo a você. E você sempre pedindo pra eu fazer uma declaração de amor, mas você sabe como eu sou tímido pra essas coisas. Eu sei amar do meu jeito, da minha forma. Tenho às vezes vergonha de me expressar com palavras. Mas eu queria que entendesse que é o meu jeito de ser, é o meu jeito de amar. Você já é diferente. Gosta, ou precisa, não sei, de ouvir as palavras de carinho. Eu acho que é até assim que você se sente amada: ouvindo palavras. Sabe.... to sentindo um nó na garganta. Acho que to tremendo até. Me perdoe, não queria que me visse assim. Não nesse momento. Mas agora criei coragem e escrevi este bilhete. Espero que eu esteja me expressando da forma que você tanto quis. Voltarei sempre aqui pra te visitar. Me perdoe se eu não fui da maneira que você esperava. Nesses 20 anos juntos.... só agora... eu fui compreender... você, minha amada!” Ele enxugava os olhos enquanto se abaixava para deixar o bilhete sobre o jazigo da esposa.