NAU SEM RUMO
Maria Muller
 
 

Num julgamento sem direito a defesa, um réu foi condenado à forca, porque tinha ideais de liberdade e sonhava com um mundo melhor e mais justo.Seu corpo foi esquartejado e espalhado pelos quatro cantos do país (então dito reino), sua família amaldiçoada, seu belo solar destruído e a terra foi salgada para que nunca mais produzisse frutos…Seus seguidores, todos condenados ao exílio, foram degredados para a África!

Passaram-se gerações e gerações e a pátria que viu nascer e morrer este e tantos outros sonhos de liberdade, viu seus filhos serem enviados de novo ao exílio, quando sonhavam por fim às ditaduras militares…

Hoje, o nosso país deriva em mãos de governantes inescrupulosos, incoerentes e inconsequentes e que não se intimidam diante de seus atos nada patrióticos, que a luz da verdade não consegue ofuscar…

Não têm limites para suas criações diabólicas. Mandam para fora do país, não os heróis de outrora, mas o que conseguem arrancar dos cofres públicos; o dinheiro que deveria ser revertido ao bem comum, vai rumo certo aos paraísos fiscais, onde se aloja sem qualquer dificuldade, esperando o dia que será resgatado pelos usurpadores do alheio.

Fazem este o seu lema de governo. Jamais são punidos e raramente destituídos de suas funções públicas. Entretanto, continuam à frente do leme de uma nave desgovernada, que, sabe-se lá como, ainda não se chocou contra um enorme “iceberg.”’
Este tem um nome: chama-se POVO.

Um dia ele chega com seu enorme disfarce, deixando entrever somente a cabeça, esconde o tronco forte e imenso, os membros treinados para a maratona final. Sabe que tem que percorrer uma distância muito grande ate alcançar a “nau”, mas vai ao seu encontro.E quando se aproxima, os que estão a bordo podem sentir frio, um calafrio que percorre suas espinhas. Sabem que nem adianta colocar os coletes salva-vidas, porque lá em baixo o mar é gelado e vai lhes cortar os ossos também.

Triste sina esta de ser jogado fora do comando e lançado aos mares do esquecimento!

Porém, uma coisa é fato: aqueles que foram injustiçados têm hoje seu símbolo imortalizado tremulando em uma bandeira honrada. Outros voltaram do exílio , anistiados, e puderam ser de grande valia , servindo à pátria amada e têm seus nomes escritos na nossa historia com letra maiúscula.

Há no entanto, alguns que nada mereciam, mas conseguem se reerguer e são eleitos para cargos importantes que lhes dão tantas regalias e mordomias, depois de terem sido banidos pelos “caras-pintadas”.

Então este é o lema do nosso país: somos desmemoriados. Será?
Ou será apenas mais conveniente o diabo conhecido?

De qualquer forma existe esperança. Ah, esta sim, é mesmo a última que morre e enquanto há esperança, há vida!!!!

Que Deus nos guie nesta viagem sem rumo…