OS CINCO SENTIDOS
Ana Stela
 
 

Nada chega ao conhecimento sem passar pelos sentidos... Mas, o conhecimento não basta por si só: faz-se necessário conquistar sabedoria.

Seja em qualquer área de atividade humana, é preciso aplicar os sentidos, com refinamento. E isso se faz com treino, com preparo semelhante ao de um atleta em busca da superação dos próprios limites.

É preciso, por exemplo, ter olhos para ver muito além do visível; é preciso enxergar o que as formas não revelam; é preciso descobrir os tesouros de beleza que se escondem sob uma aparência comum, ou os horrores da alma que animam um belo rosto. É preciso crer para ver! (E não o contrário, como querem os céticos.) E, com o tempo e a sabedoria adquirida, nem mesmo é preciso ver, basta o crer.

Na escalada rumo ao conhecimento que se almeja, é preciso aprender a descobrir, entre os muitos odores, o perfume suave que exalam as flores delicadas do respeito, do amor e da bondade, ou perceber o aroma doce e envolvente que emana do coração daqueles que se dedicam à causa do bem comum. E isso é muito mais do que aplicar o olfato, é ter “faro” de detetive para identificar o bom e o belo e separar o essencial do transitório.

È preciso ainda aprender a distinguir, entre muitos sons, a voz doce e melodiosa que pronuncia palavras de sublime conteúdo, anulando o ruído ensurdecedor da ignorância ao redor.

E, se viver é uma arte -a arte de engolir sapos-, que saibamos transformá-los em requintadas iguarias, exercitando a humildade e a paciência, a tolerância e a boa-vontade!

Que tenhamos tato, no trato com as pessoas, acariciando em vez de agredir, estendendo a mão e aproximando em vez de afastar, tomando a nossa cruz com segurança e leveza, com a perícia de um equilibrista experimentado nos malabarismos da vida, e, que possamos, simultaneamente, auxiliar o vizinho a carregar a sua carga!