A ESTRADA
Mylena Silva
 
 

A estrada...longa estrada cheia de sinuosas curvas parece me levar ao destino que almejo alcançar. Como um caminhoneiro que deixa para trás sua história e com sua bagagem a punho se lança rumo ao porvir, me arrisco a seguir.

Estrada nova. Estrada desconhecida. Olho para os canteiros a fim de aproveitar a jornada. O céu com nuances de azul apresenta-me o sol, que teima em se esconder pedindo ajuda ao horizonte adiante. Seus raios iluminam os meus olhos e me levam a enxergar o que me aguarda.

Esperança...Aquele caminhoneiro que não larga sua bagagem traz também consigo o desejo. Desejo de chegar ao seu porto seguro, ao lugar onde tudo faz sentido e se faz claro como a luz do sol que outrora contemplei, e contemplo.

As curvas me levam por caminhos árduos, caminhos que aparentemente podiam parecer mais fáceis, mas a dor...Ah, ela não era, não é. Os desvios me fizeram pensar que não mais chegaria, e acreditar que por planos que fugiam do meu alcance eu não merecia estar ali. E apesar dos canteiros, do céu e de tantas outras coisas, o caminho foi doloroso.

_ Não existe um viver sem marcas, tentar apagá-las é perder a própria bagagem.
E ao assim pensar, vejo que posso sim chegar. Melhor! Que estou chegando! E, percebo que o sol _aquele que ilumina a todos_ se faz presente em qualquer lugar, seja qual for o caminho. E comigo também esteve.

_ De volta pra casa _ penso ao encarar meu destino. E é tão engraçado! É um destino novo, um solo novo. Piso com cuidado, mas sinto: é a minha casa. Ali tenho paz, alegria, realização. E terei sim, momentos difíceis, mas o que há dentro de mim mostra-me que estes serão contornados. Ali tenho, e terei, plenitude. Atitude. Lutarei para permanecer.

E o Sol...Hoje o sinto mais forte. Hoje não só ele está comigo, mas em mim, me mostrando os caminhos perenes...