UM
HOMEM E SUA DOR
|
|
Adão
Jorge dos Santos
|
|
Um dia destes caminhava despreocupadamente por uma das tantas ruas da minha bela Porto Alegre quando um mendigo parou na minha frente e me pediu uma esmola. Eu já me preparava para disser o tradicional e educado , não tenho, quando ele começou a falar. _Desculpe cidadão se interrompo o seu trajeto .,mas o motivo é nobre e o senhor certamente irá compreender meu inusitado pedido. Olhei paro o homem postado na minha frente e tentei realmente entender o que estava acontecendo. O sujeito parecia um mendigo destes que andam vagando pelas ruas sem ter eira nem beira. Seu aspecto era horrível, barbudo e todo escabelado com roupas imundas , não poderia esperar nada dele, a não ser o pedido de - tem um trocado ai tio? O linguajar peculiar dele me chamou a atenção para o fato de que ele poderia ter uma certa cultura, como eu era apreciador da boa Lingua Portuguesa, detive os meus passos para escutar o que aquela pobre criatura tinha a dizer.
Neste momento perguntei, já totalmente envolvido na historia, o que tu fizeste na hora em que ela foi embora homem de Deus? _Quando ela me disse adeus, só Deus sabe o que sofri naquela hora, Mas eu não gritei, não pedi pra ela ficar, não havia o que fazer, Assim que ela saiu a saudade dela entrou e ocupou todos os espaços fora e dentro de mim, então, quando a porta nos separou, eu fechei os olhos e finalmente chorei..... O homem sofria tanto que a sua dor podia ser sentida ao seu redor, devo, por descargo de consciência, admitir que me comovi com o relato dele e que percebi que o que ele queria na verdade era apenas contar a alguém o quanto sofria, e que a esmola que eu dei para ele foi apenas um pouco de atenção. O infeliz agradeceu por eu ter lhe escutado e num segundo desapareceu no meio da multidão. Eu continuei o meu caminho pensando na vida triste daquele pobre homem apaixonado que perdera o amor da sua vida. |
|
Protegido
de acordo com a Lei dos Direitos Autorais - Não reproduza o texto
acima sem a expressa autorização do autor
|