Tema 181 - Farrapo Humano
BIOGRAFIA
PERSONAGENS
Doca Ramos Mello

Que "meda"!

Gente, ando morta de medo da Patrícia Pilar...

E logo ela, loirinha, aquela cara de anjinho de altar, os cabelinhos encaracolados caprichosamente pela natureza, como só as pinturas renascentistas mostram para provar que houve época em que as mulheres já tiveram doces cachinhos sobre suas cabeças e se orgulhavam deles... Porque hoje em dia, eu dou um doce se você encontrar até mesmo uma boa mulata que não esteja com a cabeleira ao vento, lisinha feito uma Iracema vinda de Angola...

Esses dias, folheando uma revista, quase tive um piti: Irene Ravache, que se notabilizou na televisão com aquelas molinhas loiras de isqueiro, pediu penico. Lá estava ela, sorridentíssima em meia página, com a cabeleira inteiramente progressivada, os anéis capilares sepultados na meleca fedorenta seguida da chapa quente, como pode isso? Pois pode porque toda mulher que tem cabelo crespo sempre sonhou - ao menos a grossa maioria, com certeza - em poder enfrentar com brio um bom vento e, audácia das audácias, o sereno. Que atirem a primeira pedra, aquelas que nunca fizeram "touca", não usaram ferro elétrico, não experimentaram toda sorte de mezinhas na esperança de dar adeus aos cachos.

Hoje, todo mundo só fala em DNA, ainda assim, na minha modesta maneira de ver as coisas, tem o dedo de Deus nesse negócio de cabelo, ah, tem. Lá em casa, por exemplo, Ele começou dando uma cabeleira japonesa para minha irmã mais velha, aquilo é uma beirada de rancho de fazer inveja a qualquer Satiko que se preze. Clarice não precisa de pentes ou escovas, o cabelo dela é tão liso que não embaraça, não faz nós e amanhece sempre como se ela tivesse acabado de sair do cabeleireiro, mas eu não tenho inveja dela por isso não, só ódio...

Minha irmã caçula reclama, mas na vez dela Deus deu uma massa capilar impressionantíssima, cheia de ondas firmes, cabelo grosso. Ela cresceu detestando a juba e, recentemente, submeteu-se com sucesso à escova progressiva e enfim, conheceu Jesus, viu a luz, aleluia, etc. A felicidade dela não cabe no channel-fátima-bernardes que ora exibe, como se nunca um mar de ondas lhe tivesse habitado o cocoruto. Aliás, diz ela que não tem como medir a alegria por ter vivido para ver chegar a hora em que esses procedimentos modernos espantassem todos os cabelos crespos da praça - Isabel é muito rigorosa....

E eu.

Na minha vez, Deus vacilou um pouco, não sabia o que me colocar sobre a cabeça, de modo que fez um maldito (perdão, Senhor!) mix - tenho de tudo na versão de meus cabelos, partes lisas, ondas aqui e ali, milhares de fios revoltados, uma miscelânea sem controle... Resumo da ópera: quem tem tudo não tem nada. Pior, sou alérgica, não posso passar essas químicas fortes na cabeça, sob pena de ter edema de glote e de repente morrer asfixiada, de sorte que vou vivendo como Deus quer... E Ele quer que eu carregue esta indefinição pouco generosa que trago sob a alcunha de "meus cabelos", apesar da sempre falsa impressão de boa gente que eles passam para todo mundo, incluindo aí os profissionais, que nunca acreditam em mim quando eu conto como é que a coisa funciona no frigir dos ovos. Um cabelo assim Marta Suplicy, sabe como é? Promete o mundo, mas não faz nada... Minto, enrola bem aqui e ali, faz umas ondas, dá a maior pinta.

Gente, eu ia falar da Patrícia Pilar!

Pois estou mesmo com medo dela. E não tenho motivos? Uma mulher que consegue arrasar com a a concorrente, sabendo-se que tal concorrente tem dois metros só de pernas, um armário feminino desses respeitáveis até para o sexo masculino... Pobrezinha da Cláudia Raia! Está um farrapo humano na novela das oito! Várias vezes pobrezinha, aliás, porque ninguém merece usar aquela peruca loira que puseram nela, além disso, acredito firmemente que haja um complô contra ela, envolvendo autor, diretor, maquiador e figurinista - aquele vestido floridinho deixou nosso símbolo sexual parecendo um boneco de Olinda. Fora que, para dar a ela um ar menos sensual e mais boa moça - ué, uma coisa exclui a outra?! - ordenaram que modificasse seu andar de pantera e a atriz se movimenta como um trator, um tanque do tipo Caveirão. Coisa mais indecente! Para arrematar o rol de desgraças, botaram-na para beijar o José Mayer - é o inferno completo. Com certeza a moça volta para casa às lágrimas depois de cada gravação, sorte que tem um Celulari para consolá-la, coitada, que cruz!

Ia dizer que a Globo está se vingando da fama de "pegador" que ela mesma montou para José Mayer, mas vamos deixar p'ra lá... Você aí, se consegue assistir ao show de constrangimento que o personagem dele está dando na tela, meus parabéns - é uma pessoa forte.

Voltando a Patrícia Pilar, li em algum lugar que ela está fazendo cursinho de 'coisa ruim' com o marido, o político Ciro Gomes, mas considero exagero. Até porque o Ciro é péssimo, mas não esconde de ninguém, não escamoteia. Por exemplo, está ali com V. Exa. Metalurgíssima apenas para fazer um pit stop rumo ao pódio. Ah, ele até faz pose de 'companhêro', mas não convence, não é lá essas coisas na atuação, pois nunca deixa que o Brasil se esqueça que um dia foi adversário verborrágico e nessa qualidade apregoou aos quatro cantos da terra que "votar em Lula era mandar o país para um buraco negro que ninguém sabia onde ia dar" - e no dia seguinte à derrota, surgiu com os dentes à mostra, de barbinha nova, como ministro do desafeto, bem do seu, acomodado na cratera do poder. Nos cantos da boca e no olhar, aquela mesma cara de bruxa má que a Patrícia Pilar vem fazendo na novela...

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