Atualização 185 - Tema Livre
BIOGRAFIA
SER VOVÔ
Umberto Gonçalves

17 de janeiro de 2009.

Meu neto, THOMAS GONÇALVES, completa hoje seu primeiro aninho. Como ainda não tenho histórias suas, a imaginação construiu essa. Quem sabe, no futuro, me dê boas histórias pra contar...!

"Que coisa ridícula é ver um homem velho, ou mesmo uma mulher, aguentar luxo ou manha de uma criancinha qualquer!" Assim pensei quando vi uma criança chata, gritando e sapateando porque o vovô não lhe deu o sorvete que queria.

- Quelo coiate!

- Mas não tem... Este aqui é muito bom.

- Não... (e jogou o sorvete no chão, pisou em cima, sujou tudo)

E lá foi o vovô a limpar primeiro o netinho, em seguida, cheio de humildade, depois de pedir mil desculpas ao responsável pela sorveteria, limpar também o chão, no que foi impedido educadamente pelo funcionário. E eu, do lado, olhando aquilo com raiva, pensava: "Ah se fosse meu filho! Dava-lhe um safanão e teria que comer aquele mesmo de creme. Como é que uma pessoa dessa idade tem que aguentar essas coisas?" E o vovô, ainda sorridente e humilde, põe a criança no braço e limpa a boca do mesmo com sua camisa, pouco se importando o sujeira na sua roupa. Minha filha, quando criança, não lembro bem em que loja, se não me engano na Viana Leal (que era a loja mais bonita do Recife na época), porque queria um brinquedo que não podiamos comprar, caiu no chão, chorando e se debatendo por pirraça. Dei-lhe um tapa no bumbum que ficou marcada minha mão. Nunca mais repetiu!

Acontece, gente, que minha filha ficou grande e me deu um neto. No início fiquei meio sem jeito. Aquela coisinha bonitinha e bota bonitinha nisso, também crescia. Um belo dia, como o marido estava trabalhando e eu aposentado, acompanhei minha filha a um shopping. Enquanto ela entrou numa loja (Por que será que as mulheres demoram tanto escolhendo qualquer coisa em qualquer loja?), eu e meu netinho fomos pegar um sorvete. Ainda na porta da sorveteria, ele puxou minha calça e viticinou:

- Ovete coiate, viu vovô?

Lembrando daquele avô, bem rapidinho peguei um sorvete de chocolate e entreguei pra meu sorridente neto. Quando ele me beijou, agradecendo pelo sorvete, limpei minha bochecha com a manga da camisa e nem olhei que havia sujado.

Entendi aquele avô! Até sorri intimamente da minha idiotice por aquele primeiro pensamenteo crítico.

Quando chegamos em casa (Na casa de minha filha), deitei no tapete para assistir ao jogo e cochilei. Acordei com Ele sentado na minha barriga, puxando a gola da camisa, cavalgando e gritando: "Sigula pião! Siguuuuula pião! E eu, que em outros tempos xingava quem me acordasse, acordei sorrindo e segurando o netinho para que não caisse.

Naquele momento eu era a pessoa mais feliz do mundo!

Será que ele sabe disso?

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