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BIOGRAFIA
OLHAR DE PIERRÔ
Leila de Barros

Ando em busca daqueles olhos que possuem um brilho intenso.

Desejo flertar com aquele olhar secreto que contém um pouco de purpurina, ou um farol de mar a me guiar nas minhas chegadas.

Tenho navegado tanto por esses mares bravios e recebido tanto sol e sal que almejo um canto na esquina daquele olhar que já me abrigou.

Hoje é noite de confetes e confissões.

Saio à rua vestida de Colombina estilizada.

Carrego a bolsa de confetes, como antigamente.

Espreito, olho, procuro na multidão de foliões.

Não vejo o brilho que procurava, não sinto o perfume da noite, não vejo ninguém conhecido, só os paralelepípedos dessa cidade do interior.

Tiro as sandálias de salto para poder sentir melhor a música vibrando no solo.

As estrelas cantam um refrão e a noite começa a me fazer promessas.

Sinto um cheiro de guardado em minhas emoções e em minha fantasia.

Alguns olhares me alcançam, algumas mãos me acenam.

Sigo pelas ruas onde o carnaval se estende e por onde a alegria faz um cordão de isolamento.

Bebo confetes, me envolvo nas serpentinas e busco ainda um pouco mais.

Nenhum brilho, nenhum olhar de purpurina, nenhum olhar oceânico, nem nada que me lembre da chuva do verão passado.

Enfim... vou sondar um alguém vestido de Pierrô.

Pergunto seu nome. No meio da música alta e das vozes das estrelas, ouço um nome qualquer.

Pierrô de olhos azuis, notei... Um brilho qualquer no olhar...

E para que o carnaval pudesse seguir, eu também esqueci um pouco de minha busca e segui dançando e cantando com meu Pierrô tão jovem e alegre.

Enfim, é só uma noite de carnaval.

Hoje eu quero ser simplesmente uma fantasia e esquecer essa busca incansável.

Não lembro do nome que ele mencionou. Não tem importância...

Nada mais busco além de sua juventude momentânea.

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