Tema 192 - MEU TESOURO!
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CAIXA DE SAPATO
Zeca São Bernardo

Ah...aqui estão!
Bolinhas de gude coloridas, meus próprios pedaços
do céu de dias tão passados.
Vejamos o que mais escondo aqui!
Sim, sim velho e querido botoque.
Quantas latinhas não acertamos hein?

Fotos, algumas fotos,
claro já se encontram como eu mesmo.
Um tanto quanto desbotadas, um tanto quanto embotadas
pelo próprio tempo.
Mas bem se vê, ainda pode-se reconhecer alguns rostos.

Três por quatro, formato antigo.
Moldura vã da lembrança.
Miragem, visagem, quem sabe efeito colateral do remédio
amargo contra a solidão.
Estranho, parece rir para mim.
Ou será que de mim continua ainda rindo após todos esses anos?

Pena que não há mais para quem perguntar!
E que diria minha mulher ao descobrir um segredo d emais de vinte anos??
quantos pontos de interrogação necessários seriam para expressar sua indignação
com alguma pouca poesia???

deixemos isso de lado, deixemos isso para lá!
Pois aqui cá está a primeira conta que paguei com meu próprio dinheiro!
Não quero mais lembrar de você...mas a maldita conta tinha logo que ser a nota
da floricultura!

Poetas não escrevem palavrões, porra!!
poetas não enfiam no texto pontos de interrogação e de exclamação a mais
só para chamar á atenção de quem quer que seja!!!
lá isso é coisa de quem escreve histórias em quadrinhos ou presta-se ao recorte
das letras. Os tais letristas.
E no cabedal de tanta besteira tenho em minhas cansadas mãos a última edição
de meu gibi preferido.
Tantos sonhos, tantas coisas que foram, assim, ficando.
Para onde, para trás? 1
Não, não, ainda dá tempo de ser feliz.
Basta apenas saber onde esconder melhor essa caixa velha dos sapatos gastos
décadas atrás.

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