Tema 196 - FALANDO SÉRIO
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LAURA "TWITTANDO" SEM PARAR
Leila de Barros

Laura é aquela pessoa que pode ser chamada de antenada e conectada. Ela está sempre Twittando, blogando, entrando e saindo do Orkut, tem i-Pod, celular que tira fotografias, é membro do Linkedin, do Facebook e alguns outros sites que nem me lembro mais.

Tem centenas de amigos "conectados" em sua imensa rede de contatos. E os apelidos que ela usa são os mais diversificados, variando desde "Mimosa_High_Tech", "Sara_Virtual", e por aí vai.

Confesso às minhas paredes que sinto uma ponta de inveja dela, pois há dias em que não consigo sequer esvaziar minha pia de louças e para conseguir me encontrar "na vida real" com duas ou três amigas, levo meses.

Mas, a Laura não. Ela tem tempo para tudo, principalmente para se conectar ou twittar.

Só de entrar nesses sites de redes de amizades, ela sabe que o colega de trabalho está freqüentando um curso de Alemão, que o amigo do cunhado está saindo com aquela loiríssima que apareceu no Blog dos Loucos por Malhação, que a amiga de infância casou com seu primeiro namorado e que seu ex-chefe agora é assistente de diretoria da namorada do seu irmão, que está no Linkedin, e por sinal é um advogado famoso.

Acompanhou?? Pois é... nem eu. Mas a Laura consegue.

Ela almoça com seu laptop na mesa, leva ele nas viagens que faz para Maresias, fica até tarde da noite navegando na internet e às vezes navega até de madrugada nos sites de relacionamento amoroso.

Comecei a notar que Laura está ficando meio robotizada, conectada quase que o tempo todo ao mundo virtual e desconectada da própria alma e do próprio corpo.

Não há para mim "cartão Master card" que pague alguns momentos de silêncio e quietude comigo mesma, ou um chá em alguma cafeteria com amigas reais, uma caminhada real nos poucos parques que existem na urbe ou um churrasco em família.

Não é que eu seja adepta da máquina de escrever e que tenha aversão à tecnologia. Adoro meu micro-ondas, ouvir o barulho da máquina de lavar louça, acho celular tão indispensável quanto minha bolsa e não posso trabalhar sem meu computador.

Mas no caso da Laura, acho que ela sofre de "cyber-excesso".

Um dia ela comentou que até sexo virtual já fez. Nem perguntei com qual das redes de relacionamento ou recursos tecnológicos isso ocorreu... Fiquei pensando em como seria esse tal de sexo virtual. Teria alguma coisa a ver com a versão do Google que usamos ou com o mouse deslizando na mesa? Pareceu-me tão erótico quanto tomar sorvete de chuchu.

Sexo virtual? E o computador vai perguntar se foi bom pra você? Fala sério!

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