Tema 033 - COMIDA
BIOGRAFIA
COMIDA
Bárbara Helena

 

Meu quindinzinho,

Não sei porque ficastes tão brava quando eu mandei aquela caixa de bombons. Gosto de ti gordinha assim mesmo, pra que tanto regime idiota?

O Seu Manuel da padaria já me contou dos sonhos que tu tiras fiado, escondido de mim. Ele é meu chapa, cajuzinho e eu não sou ciumento.

Sei que tu és moça direita, conheço teu jeitão. Não adianta ficar inventando coisas por aí. Só não gosto de mini-saia enfiada na bunda porque tenho que manter a moral. Onde é que se viu, mulher minha por aí, se mostrando pro povo? Tu não vais me passar atestado de chifrudo, o pessoal comenta e coisa e tal.

O biquíni sem pano, se estiveres comigo, tá beleza! Agora, sozinha na praia nem com o maiô de crente da tua velha.

Isso não é ciúme, meu docinho de abóbora, é cuidado! Mulher minha sempre tratei com a maior consideração, deixa de história!

Agora, que tu gostas de cair de boca num bom prato, não se pode negar. Lembra do siri recheado que a gente comeu naquele restaurante em Paquetá? Até o garçom parou ao lado da mesa pra admirar o tanto que tu eras capaz de enfrentar. Fostes sempre mulher de vatapá, para com esses chiliques de salada!

Bem sabes que eu te amo e nem ligo para o que dizes na hora do ciúme.

E sou fiel a ti, algodão doce. Nenhuma outra pra mim chega a teus pés. É tudo intriga, inveja dessas pessoas que querem nos ver separados.

Mas a próxima vez que tu jogares a caixa de bombons pela janela, minha calda de caramelo, eu conto pra Dona Eudóxia e vais fazer companhia a teu irmão na cadeia. Coitada da coroa! Fazer a velha parar no PS, com dezessete pontos, descontado os noves fora!

Caixa de madeira pesa, pastelzinho e chocolate na testa faz mal pras idéias.

Mesmo assim eu te amo e te perdôo,

Teu virado paulista,
Alfredo

 

PS – Estás precisando treinar a pontaria, meu suspiro!

 

Protegido de acordo com a Lei dos Direitos Autorais - Não reproduza o texto acima sem a expressa autorização do autor