INIMIGO ÍNTIMO
(o amor que a gente tem)
Bárbara Helena
 
 

 

- Alfredo?

- Hummm?

- Dá pra você parar de babar as bundas da TV e olhar pra mim quando eu estou falando, se não for um favor muito grande?

- Claro, meu quindim, nenhuma bunda pra mim é melhor que a tua...

- Nem a da Laurinda?

- Que Laurinda?

- Deixa de ser cínico, Alfredo!...

- Ah!... a D. Laurinda do 701? Que ciúme bobo, meu tesão, dei só umas caronas pra moça, foi gentileza, amor, só isto. Você sabe que eu sou um cara educado.

- Carona com direito a desvio pelo Motel Beira-Mar...

- Lá vem você com o Motel Beira-Mar. Já disse que não era eu. Nunca encostei um dedo na criatura!...

- Um dedo não, foi logo a mão todinha... e olha pra mim que eu estou falando com você!...

- Eu adoro olhar para você... mas... por falar nisso, amor, o que é que tu estavas fazendo às cinco horas no Motel ?

- Eu... eu ... não estava no Motel. Eu vi você, ou o seu sósia perfeito, saindo de lá com a Laurinda, é diferente.

- E aí?... O Que você fazia lá, na saída do Motel?

- Quer virar o jogo, é? Pensa que eu sou boba? Primeiro vem com esta história de gêmeo e agora quer me crucificar. Eu nunca tive homem nenhum depois de ti, meu pecado e tu sabes disso... Bem que eu deveria... mas sou muito burra pra te trair...

- Eu sei, coração. Também sou fiel a ti.

- Ah, Alfredo, porque fui amar logo a você?

- Porque a gente se encaixa, meu tesão.

- É... Com muito tapa, bordoada, chuva e trovoada, forçando todas as barras, até que a gente se encaixa.

- E ninguém te faz ver estrelas como eu.

- Isto tenho que reconhecer. Se pudesse amava o certo, o perfeito, o pontual, o trabalhador, mas a gente não manda no coração.

- É porque eu te amo, minha rainha.

- É porque eu te odeio, Alfredo. Mas não há ninguém no mundo inteiro, para mim, como você.

 

 

 
 
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