PALAVRAS CRUZADAS
Bárbara Helena
 
 

 

 

Alfredo,

Que história é esta de me mandar um Zap logo de manhãzinha, nem bem eu tinha acordado? Não cheguei a tomar um café, perdi a fome!... O que, por um lado foi bom, porque estou precisando mesmo detonar umas calorias.

Mas um Zap!!!!.... E numa quarta-feira ensolarada como esta, com os passarinhos cantando, o céu azul que até dói na vista e um calor que deixa a gente mole, pedindo carinho.
Em vez disto, um Zap!

Esperava tudo de você, coração, menos isto. Já suportei humilhação, cinismo, mentira e traição. Até seu sósia eu engoli com casca e tudo. Mas Zap é demais!... Zap eu não aguento!... Faça-me o favor!

Me aguarde.

 

 

 

Alfredo,

Sabe o que a maluca da tua mulher fez desta vez?
Me mandou um Zap!...
Eu tenho tido a maior paciência com ela, agüentei seus chiliques de falsa dondoca, a paquera descarada com o português, a comida insuportável que prepara e até aquela fingida da tua sogra.
Tudo por amor a você, meu filho querido.
Mas um Zap é demais!
Vê se você honra as calças que veste e dá um jeito nesta mulher, Alfredo, antes que seja tarde.
Tua mãe que te ama,

Jandira

 

 

 

Alfredo,

Você teve coragem de me mandar um Zap, depois de tudo que passamos juntos? Depois do que tenho agüentado da tua mulher e de todo este bairro, só pra sustentar nossa paixão?
Esqueceste aquelas noites de amor no Motel Luna Caliente e as vezes em que dançamos agarradinhos no forró do Retranca? E as loucuras que fizemos na praia, somente as estrelas e a lua nos servindo de abrigo?

Ah, Alfredo, eu estava preparada para receber tudo de ti, menos um Zap a esta altura dos acontecimentos.

Tua ainda,

Laurinda

 

 

 

Alfredo,

Sei que você é safado, namorador, vive botando chifre na palerma da tua mulher, mas sempre fostes um cunhado respeitador. Que história é esta de ficar me mandando Zap? Só porque gosto de umas cervejas e de ficar conversando no boteco com uns e outros não significa que não sou mulher séria. Teu irmão não vai gostar nem um pouco da brincadeira. Quem avisa, amiga é.

Zenilda

 

 

 

Mano Alfredo,

Este negócio de Zap, num sei não... acho meio arriscado... Tem uns caras aqui metidos nestas coisas e a barra deles tá pesando. Acho melhor deixar como está. De qualquer maneira, obrigado pela lembrança, mano velho. Noutra oportunidade a gente se acerta,

Osvaldo

 

 

 

Meu quindinzinho,

Não estou entendendo nada.

Está todo mundo caindo na minha pele nem sei porque. Andei recebendo uns Zaps por aí, mas não dei bola que não sou homem de me esquentar com chirica. Tu sabes que só perco a pose quando me botas este olho de nunca mais. Sou teu escravo, minha rainha e nada neste mundo de meu Deus pode tirar você do meu coração.

Esquece este negócio de Zap, vamos dar um passeio em Paquetá como nos velhos tempos, antes de tu cismares com a D. Laurinda.

Eu te levo pra comer aquela moqueca no Alemão, faço carinho no teu umbigo, mordo tua orelha bem ali, onde só você tem tesão.

Zaps não valem nada, meu docinho. O que conta é o amor no coração.

Teu sempre, eternamente,

Alfredo

 

 

 

Alfredo e pessoal do Bairro,

Desculpem algum transtorno. É que na hora de mandar a correspondência, me enganei e enviei Zaps para endereço errado.
Constrangida,

A autora

OBS –Quem precisar de Zaps, de qualquer maneira, tenho alguns sobrando. Nunca se sabe o que a vida vai nos exigir.

 

 
 
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